quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Ponto de encontro






Hoje à noite pensei: por que não refletir um pouco sobre alguns paraguaçuenses ausentes? Seria uma pequena homenagem à cidade que neste ano viveu o seu centenário.

Bem, são muitos os paraguaçuenses ausentes, provavelmente várias centenas de pessoas espalhadas por esse mundo afora. Lembro-me, é claro, que esse conceito, o do "paraguaçuense ausente", já embalou muitas confraternizações em Belo Horizonte, onde vive uma senhora colônia de nossos conterrâneos. Já morei lá três vezes, por um total de quinze anos, e posso dizer que é mesmo difícil passar um dia sequer sem cruzar com algum paraguaçuense na capital mineira. Tenho, aliás, uma vaga lembrança de um objeto concreto associado a uma daquelas confraternizações: uma enorme lista de convidados montada pela Dorinha Prado e minha prima Lília Borim Rodrigues. Velhos tempos, bons tempos.

Agora, de um modo bem singelo, quero referenciar alguns grupos de paraguaçuenses ausentes. Não há tempo nem espaço aqui para suas histórias, mas não importa. Quero exercer o pensamento livre e evocar lembranças de pessoas que de algum modo a mim continuam relacionadas até hoje. São amigos e amigas, confesso, e aqueles que não destacarei, que me perdoem. Na verdade só posso incluir amostras dessa bela gente paraguaçuense que optou por viver fora da nossa cidade pelos mais variados desejos e em função dos mais incompreensíveis empurrões que a vida lhes deu. A simples menção desses aspectos, os enredos e os empurrões de cada um, me traz a lembrança de uma noite em que no barzinho do Nadir, o professor Sandro Adauto Palhão e eu (e não sei mais quem) tomávamos umas geladas e conversávamos sobre um livro que alguém deveria organizar, um volume sobre as histórias de cada um dos paraguaçuenses que já moraram (e, muitos, ainda moram) no exterior. Pensamos nos iraquianos Henrique Prado (o vulgo Queta) e os irmãos Delson e Wilson Andrade, nas irmãs californianas Maristela Prado Dunn e Marilene Prado, e também nos europeus Juliano e Rosa Mignacca (Londres) e Tania Prado Marques (Roma), entre outros.

Minha atenção se volta, do mesmo modo, para alguns paraguaçuenses que moram no nosso país, mas em regiões bem distantes do Sul de Minas, como Ana Lúcia Bueno, em Alagoas, os irmão Maurício e Marcelo Viana, em Pernambuco, e Marco Antônio Amaral, no Acre (se não me engano). Há ainda na minha mente espaço para um terceiro grupo de paraguaçuenses ausentes, aqueles que não moram muito distantes da nossa terrinha, mas que, por um motivo ou outro, pouco frequentam a cidade. São pessoas como as irmãs Liliana, Rosália e Rosane Maria Prado Moraes, de São Carlos, Rose Marinho Prado, de São Paulo, e meu queridíssimo tio João Bosco do Prado Mendes, em Florianópolis.

Muitos desses paraguaçuenses permanecem em contato não somente entre si, mas também entre centenas de atuais residentes da cidade, por meio do FaceBook. Por essa comunidade eletrônica nós podemos acompanhar, mais ou menos detalhadamente, a vida dos amigos que têm pelo menos uma coisa em comum: o amor pela nossa bela cidade. Melhor que o FaceBook, porém, é o sorriso, o abraço e a conversa face-to-face, o cara-a-cara que nunca pode acabar. Em férias e feriados, portanto, há muitos reencontros, como aqueles organizados semestralmente por Leylane Dias Ferreira, Cleuza Rodrigues, e outras mulheres dedicadas à permanência dos elos entre nós, "jovens" atualmente na faixa dos 45-55 anos de idade. Nos últimos anos, essas memoráveis festas, como a mais recente, em julho, O Arraial dos Amigos, têm se realizado com muito sucesso na casa da generosa e simpaticíssima Maristela Prado Dunn.

Outra forma especial de comemoração daqueles elos é mais rara, mas não menos importante. Ocorrem quando alguns de nós nos reunimos em locais bem distantes de Paraguaçu. Através da magia do carinho que temos em comum pela nossa cidade e das fortes lembranças do que lá já passamos juntos, parece que retornamos a nossa terra, sentimos de novo os aromas e vislumbramos a formosura da Biquinha, da Lajinha, da praça Oswaldo Costa, da serra da Matinada, ou dos eucaliptos na estrada para a fazenda do sr. Hermano Prado. Assim aconteceu recentemente em Londres e Roma, entre três amigas, Marilene Prado, Rosa Mignacca, e Tânia Marques, que não só conviveram em Paraguaçu muitos anos atrás, mas também compartilharam, juntas, das mesmas aventuras entre Grécia, Itália e Inglaterra. Para ser sincero, devo dizer que tais aventuras também aconteceram muitos anos atrás.

Sim, estamos todos a cada dia mais velhos (como negar?), mas também a cada vez mais ricos de boas lembranças e de ótimos motivos para relativizar, mais do que nunca, o termo "ausente" de um "paraguaçuense ausente". Ausentes estão aqueles que infelizmente cortaram seus laços afetivos e logísticos com nossa cidade. Não guardemos rancor dessas ovelhas desgarradas, naturalmente. Simplesmente agradeçamos ao Criador por nos ter postos para nascer entre o Sapucaí e a Matinada e por nos ter possibilitado amar e preservar os fortes laços ao nosso ninho, ninho que sempre será o norte de nossa bússola pessoal — nosso ponto de partida e, eternamente, nosso melhor ponto de encontro.

9 comentários:

Rosane disse...

Gostei muito da Crônica, tema bem apropriado agora de a tecnologia nos coloca novamente em contato via face.
A vida nos levou p´ra outros rumos mas nossas raízes estão lá. A vontade de voltar sempre é enorme porém muitos já se foram e as vezes nos perguntamos - mas quem iremos ainda reencontrar? Sei agora que temos muitos motivos para voltar..

Anônimo disse...

Oi, Darinho, parabens por mais uma fornada! E que delicia! Realmente, quem é de Paraguaçu possui o coraçao cheio de saudades e de amizade. E esta vibraçao é sentida a cada encontro, a cada comentário virtual regados de surpresas e emoçao. Como diz a música, "Oh Minas Gerais, quem te conhece nao esquece jamais, oh Minas Gerais... Um abraço

Liliana disse...

Linda crônica!!!!!! Adorei!!!! Abraços,Saudades.....

Rosane disse...
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ROSA disse...

QUE COISA MAIS GOSTOSA ACORDAR E LER ESSA CRONICA!!! A INSPIRACAO VEIO MESMO NE? VOCE FALOU TAO LINDO DA NOSSA TERRA. E BEM TUDO AQUILO QUE NOS SEMPRE ESTAMOS LEMBRANDO. OS ELOS QUE TEMOS SAO ASSIM, FORTES MESMO. DEVE SER REALMENTE A AGUA DA BIQUINHA E O VISUAL DAQUELA SERRA MARAVILHOSA NOS OLHANDO O TEMPO TODO! AMEI!!! COMO SEMPRE!!! BJS

Rodrigues_SP disse...

Darinho,
Mais uma vez você tocou a sensibilidade daqueles que residem em Paraguaçu e daqueles em cujos corações Paraguaçu reside. Belo texto, belas memórias, emoções e saudades. Valeu, Primo.
Um beijo de Lília

Goretti disse...

Darinho, esta é mais uma de suas crônicas , na qual vc traz todo seu sentimentalismo a Paraguaçu, suas lembranças, amizades e esta vontade de rever os amigos, que um dia também deixaram a terrinha, por inúmeros motivos, mas que sentem saudades deste torrão.Parabéns, pelo trabalho. Bjs

Silvana disse...

Eu havia visto esta foto linda dos banquinhos românticos mas nao conhecia a crônica. Gostei do clima da foto, do enredo dos amigos que não sao ausentes, do jeito simpatico do irmão escrever cronicas ao sabor da pena.Gostei!!!! Bjo Silvana

Silvana disse...

Eu havia visto esta foto linda dos banquinhos românticos mas nao conhecia a crônica. Gostei do clima da foto, do enredo dos amigos que não sao ausentes, do jeito simpatico do irmão escrever cronicas ao sabor da pena.Gostei!!!! Bjo Silvana

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