Dário Borim Jr
dborim@umassd.edu
Cantor, compositor, diplomata, dramaturgo, letrista e poeta, Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um descendente direto na linha de Xangô (saravá!), o orixá deus-rei do trovão, o justiceiro filho de Iemanjá. Educado nas melhores escolas do Rio de Janeiro no início do século XX, ele posteriormente estudou literatura na Universidade de Oxford, onde se inteirou, mais rigorosamente, da lírica inglesa. Depois de ingressar no mundo formal, prestigioso e bem pago da diplomacia, e de publicar alguns volumes de poesia bastante tradicional, esse carioca, para si mesmo “o branco mais preto do Brasil”, descobriu que o prazer maior da sua vida profissional tinha outro endereço: o domínio da música popular. Passou a escrever poemas que se encaixavam em melodias elaboradas por grandes nomes, tais como Carlos Lyra e Baden Powell. Também cedeu sonetos e outras criações poéticas para compositores que lhes cobrissem de sons e harmonias, como Tom Jobim e Toquinho.
Diga-se, de passagem, que escrever letra de música não é para qualquer um não. Tem que ser poeta e um pouquinho mais. Tem que ter ouvido de músico e conhecimento instintivo ou adquirido de nuances musicais. No fundo, Vinicius foi um grande poeta e um grande compositor. Sem parceria nenhuma, escreveu maravilhas como “Valsa de Eurídice” e “Pela luz dos olhos teus”. Vale a pena recordar alguns versos: “Quando a luz dos olhos meus / E a luz dos olhos teus / Resolvem se encontrar / Ai que bom que isso é meu Deus / Que frio que me dá o encontro desse olhar”. Porém, para se atingir a mais completa magia, é preciso suscitar maior sedução por meio de um falso desapego. Por isso o poeta pondera: “Mas se a luz dos olhos teus / Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar / Meu amor, juro por Deus, me sinto incendiar”.
Pode-se inferir uma pequena dose de humor nesse “incêndio” de amor, e a vida de Vinicius realmente se desenvolveu em torno de uma série de fogueiras da paixão. Casou-se nove vezes, por exemplo. Suas esposas podiam ser de idades próximas às suas em diversas fases da vida, ou podiam ser 40 e poucos anos mais jovens. Naquela pioneira canção escrita com Tom o poeta proclamava, “Vai tua vida, teu caminho é de paz e amor / A tua vida é uma linda canção de amor / Abre os teus braços e canta a última esperança / A esperança divina de amar em paz”. A vida de Vinicius que nos mostram os roteiristas Miguel Faria Jr e Diana Vasconcelos foi uma constante busca por amar, sempre amar. A paz, porém, nunca lhe foi duradoura. A cada vez que sua paixão se esmorecia, ele sofria, e sofria muito. Como é de se imaginar, também fazia os outros sofrerem: a esposa do momento, os filhos, os parentes, e certamente alguns amigos.
O turbilhão amoroso de Vinicius não tinha fim e por isso o poeta foi acusado de depravação e outras “imoralidades”. Ele certamente viveu como muitos poetas gostariam de viver. Pouquíssimos deles o fizeram, entretanto, como bem observa Carlos Drummond de Andrade em certo momento do filme. Vinicius foi leal a si mesmo, à sua necessidade de sempre estar apaixonado, para que junto a um copo de uísque e aos amigos do peito, sua vida tivesse sentido. Longe deles, isto é, da paixão sem limites, daquele a que chamou de “cachorro engarrafado”, ou dos parceiros da música e da poesia, Vinicius de Moraes era um homem triste. Porém, bastava um de esses insumos dar força a seu vaso de flores, que seu rosto era só sorrisos e sua mão escrevia preciosidades do amor demais.
“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”, escreveu Guimarães Rosa, mas poderia ter sido Vinicius. Por seu amor à vida e à alegria e por seus extasiados e frustrados amores lhe devemos a graça de sua obra, um elogio à loucura, se loucura for viver intensamente a vida, doa a quem doer, inclusive ao louco amante. O próprio Vinicius resume sua sina em “Como dizia o poeta”, de parceria com Toquinho: “Quem já passou por essa vida e não viveu / Pode ser mais, mas sabe menos do que eu / Porque a vida só se dá pra quem se deu / Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”.
Vinicius é um documentário que muito me impressiona pela sua formosura poética. Também me faz questionar o papel das paixões românticas e do amor desenfreado pela vida. Para aqueles que ainda não o viram, digo e suplico: que o vejam o quanto antes. Aliás, quem já o viu somente uma vez deveria assistir-lhe de novo. Suas lições precisam ser reforçadas. Dirigido por Miguel Faria Jr e lançado em 2005, o filme se abre com as palavras saudosas do Braguinha. Era assim que Vinicius chamava o queridíssimo cronista Rubem Braga, seu grande amigo. Naquelas cenas iniciais do documentário Rubem Braga se dirige diretamente ao amigo morto acerca da chegada da primeira primavera numa Ipanema sem Vinicius de Moraes. Logo a seguir, surge uma vista aérea daquela praia encantada e ouve-se uma belíssima interpretação de “Se todos fossem iguais a você”, a pioneira canção composta pela genial dupla Tom Jobim e Vinicius de Moraes. Quem canta é o paulista Renato Braz.
Cantor, compositor, diplomata, dramaturgo, letrista e poeta, Vinicius de Moraes (1913-1980) foi um descendente direto na linha de Xangô (saravá!), o orixá deus-rei do trovão, o justiceiro filho de Iemanjá. Educado nas melhores escolas do Rio de Janeiro no início do século XX, ele posteriormente estudou literatura na Universidade de Oxford, onde se inteirou, mais rigorosamente, da lírica inglesa. Depois de ingressar no mundo formal, prestigioso e bem pago da diplomacia, e de publicar alguns volumes de poesia bastante tradicional, esse carioca, para si mesmo “o branco mais preto do Brasil”, descobriu que o prazer maior da sua vida profissional tinha outro endereço: o domínio da música popular. Passou a escrever poemas que se encaixavam em melodias elaboradas por grandes nomes, tais como Carlos Lyra e Baden Powell. Também cedeu sonetos e outras criações poéticas para compositores que lhes cobrissem de sons e harmonias, como Tom Jobim e Toquinho.
Diga-se, de passagem, que escrever letra de música não é para qualquer um não. Tem que ser poeta e um pouquinho mais. Tem que ter ouvido de músico e conhecimento instintivo ou adquirido de nuances musicais. No fundo, Vinicius foi um grande poeta e um grande compositor. Sem parceria nenhuma, escreveu maravilhas como “Valsa de Eurídice” e “Pela luz dos olhos teus”. Vale a pena recordar alguns versos: “Quando a luz dos olhos meus / E a luz dos olhos teus / Resolvem se encontrar / Ai que bom que isso é meu Deus / Que frio que me dá o encontro desse olhar”. Porém, para se atingir a mais completa magia, é preciso suscitar maior sedução por meio de um falso desapego. Por isso o poeta pondera: “Mas se a luz dos olhos teus / Resiste aos olhos meus só p'ra me provocar / Meu amor, juro por Deus, me sinto incendiar”.
Pode-se inferir uma pequena dose de humor nesse “incêndio” de amor, e a vida de Vinicius realmente se desenvolveu em torno de uma série de fogueiras da paixão. Casou-se nove vezes, por exemplo. Suas esposas podiam ser de idades próximas às suas em diversas fases da vida, ou podiam ser 40 e poucos anos mais jovens. Naquela pioneira canção escrita com Tom o poeta proclamava, “Vai tua vida, teu caminho é de paz e amor / A tua vida é uma linda canção de amor / Abre os teus braços e canta a última esperança / A esperança divina de amar em paz”. A vida de Vinicius que nos mostram os roteiristas Miguel Faria Jr e Diana Vasconcelos foi uma constante busca por amar, sempre amar. A paz, porém, nunca lhe foi duradoura. A cada vez que sua paixão se esmorecia, ele sofria, e sofria muito. Como é de se imaginar, também fazia os outros sofrerem: a esposa do momento, os filhos, os parentes, e certamente alguns amigos.
O turbilhão amoroso de Vinicius não tinha fim e por isso o poeta foi acusado de depravação e outras “imoralidades”. Ele certamente viveu como muitos poetas gostariam de viver. Pouquíssimos deles o fizeram, entretanto, como bem observa Carlos Drummond de Andrade em certo momento do filme. Vinicius foi leal a si mesmo, à sua necessidade de sempre estar apaixonado, para que junto a um copo de uísque e aos amigos do peito, sua vida tivesse sentido. Longe deles, isto é, da paixão sem limites, daquele a que chamou de “cachorro engarrafado”, ou dos parceiros da música e da poesia, Vinicius de Moraes era um homem triste. Porém, bastava um de esses insumos dar força a seu vaso de flores, que seu rosto era só sorrisos e sua mão escrevia preciosidades do amor demais.
“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura”, escreveu Guimarães Rosa, mas poderia ter sido Vinicius. Por seu amor à vida e à alegria e por seus extasiados e frustrados amores lhe devemos a graça de sua obra, um elogio à loucura, se loucura for viver intensamente a vida, doa a quem doer, inclusive ao louco amante. O próprio Vinicius resume sua sina em “Como dizia o poeta”, de parceria com Toquinho: “Quem já passou por essa vida e não viveu / Pode ser mais, mas sabe menos do que eu / Porque a vida só se dá pra quem se deu / Pra quem amou, pra quem chorou, pra quem sofreu”.
37 comentários:
É impressionante como o Dário com simples palavras pode nos trazer história,emoção,comédia e integração nos assuntos que traz em suas cronicas.Apesar de escutar Vinícius há muito tempo,descobri novas coisas sobre ele neste texto, me enterneci com sua tristeza,me apaixonei pelas suas revolucionárias paixões e fiquei louca pra ver o filme.Obrigada Darinho por trazer tanta sabedoria e ternura nas cronicas que escreve para todos nós!
Cris,
Que gostoso e' saber que nossas palavras fazem sentido e tem algum valor. Assim sendo, a necessidade que tenho de expressa-las nao me parece um jogo calado ou um exercicio de alma sem deixar semente no coracao alheio. Obrigado.
É isso aí, camarada Dário. Seu blog é déééiixxxx (10)
Aquele abraço
Dito
BELEZA, querido amigo!
Vou passar adiante.
Abraços,
Thiago
Gostei.
E a nossa conversa na TV?
Vamos marcar isso para de terca-feira a oito dias, dia 31 de Março?
Abraço.
Onésimo
Li a cronica ontem e fiquei muito emocionada com este presente.
Fiquei pensando como sou uma pessoa abençoada! Que coisa mais maravilhosa poder ganhar músicas e cronicas de presente! Queria tanto poder retribuir! Vc é uma pessoa incrível e a cada dia que passa tenho mais certeza...
Depois de ler e reler seu texto me deu vontade de sair correndo e ver o filme. Vc fala do poetinha com tanta graça e paixão que parece que tudo que escutamos até hoje não sabíamos o suficiente sobre ele. E me dá uma inveja danada de viver assim; paixões, bebidas, amigos e música... mas sem nemhuma tristeza, "que seja eterno enquanto dure". Eu sabia que ele havia sido diplomatico, mas não desta forma. Vc tem alguma biografia legal dele que
possa me indicar?
Seu texto me deu um t e s a o louco de conhecer melhor o poetinha. Querido,vc é maravilhoso! O bom escritor é assim,traz novas informações e
nos deixa a curiosodade de querer aprender mais! Continue sempre a iluminar essas cabecinhas "ingnorantes" expalhadas por este mundão de meu Deus!
HOJE TEM BRAZILLIANCE!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Issima, nao tenho como agradecer teu mimo e teu carinho: mata o velho! Olha, uma sugestao que posso dar e' Vinicius de Moraes: O Poeta da Paixao, livro de Jose' Castello.
Meu irmão
Alguém disse certa vez: a gente só enxerga no outro o que tem ao menos um pouquinho dentro de si...Quem é apaixonado pela vida, pelo amor, pelas amizades, pela arte senão o meu brother?! E quanta lealdade, carinho recebeu de volta?! É isto aí, ainda espalha seu amor pelas coisas nossas aos quatro cantos do mundo. Beleza! Abração meu querido. Silvana
Caro Dário,
Belo texto esse sobre o Vinicius!
Quão deliciosa é a poesia dele.
Um abraço,
Frank
Oi Dario querido—
Obrigado pelo texto, como sempre muito bom. Onde voce conseguiu o documentario? Gostaria de assistir, ele e' barbaro! Como estao todos? De noticias quando puder. Grande abraco, Tuka
Ei meu irmão, a gente quando admira, entra na alma do sujeito, e entende ou sente tudo direitinho!!!! Parabéns, querido. Vinicius achou uma alminha para fazer eco em sua poesia!!!! Beijinhos carinhosos. Nina
Dario
Estou correndo pq vou dar aula. Mas depois escrevo mais.
Vinicius de Morais não era gay?
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/20061121-100_homoeroticos.pdf
Eu não me admiraria ao saber que Vinicius foi "bissexual" em algum momento da sua vida. Primeiro quero dizer que, a meu ver, ele era em parte fruto da sua época (apesar de ter ido muito além dela em tantos sentidos). Nasceu no Brasil de 1913, afinal de contas, e carregava certas marcas pesadas de machismo/sexismo/fetichismo na sua atitude para com as mulheres. Entretanto, pessoas que se entregavam e que precisavam dos outros e outras para serem felizes, como ele, certamente não fechariam as portas, necessariamente, a um amor homoerótico, homossocial, ou homossexual.
Obrigado pela matéria anônima publicada na Folha de São Paulo (Ilustrada):
100 HOMOERÓTICOS MAIS CÉLEBRES NA HISTÓRIA DO BRASIL
"42. Informação de Paulo Francis: :"ele era homossexual irrealizado", Revista D, 26-8-
1990; segundo J.S.Trevisan, na biografia de Vinicius de Moraes, de".
http://www1.folha.uol.com.br/folha/ilustrada/20061121-100_homoeroticos.pdf
Ô, Dario,
essa historia do homossexualismo de Vinicius ...Sempre ouvi falar, acho que, desde 1973, lá no curso pré-vestibular. Talvez? Nunca saberemos.
O possível, é que foi saiu do Itamarati, porque chocou a instituição
http://www.cronopios.com.br/site/artigos.asp?id=2502
Que bom!
Interessante pra mim nessa questão toda é pensar o quanto é importante a vida do escritor. Importante para a compreensão da obra.
Uma vez li sobre a dificuldade de conhecer a vida de Clarice Lispector, parece que era discreta. No entanto, há muito livro que sonda particularidades.
Num tempo em que o público e o privado se mistural, acho até bom que a vida do artista fique pra lá. Assim, longe de falatórios.
Mas sei que, inegável, existe, por parte dos estudiosos de arte, uma necessidade de associar a vida do autor à obra.
Quanto ao Vinicius, é o que você escreveu e bem: tanto faz. Porquen num homem aberto às paixões e entregue à sua arte, é possível pensar tenha vivido amor homo ou bissexual.
Mas o que verdadeiramente me intriga em Vinicius nem é isso e sim, a primeira fase de sua poesia: tão religiosa!
Fico surpresa - e admirada - com a coragem na superação dos severos cânones católicos. Ele, um cara nascido bem no começo do século XX.
Darim,
I really enjoyed your piece on O Poetinha! And it's great to read the positive reaction it generated. Voce e muito legal!
Um abraco, Rick
Oi mano, boas notícias... o texto do Vinicius está muito legal. Que sensibilidade para as letras, hem?
Beijos e bom final de semana.
Di
E ai brother, tudo com vcs?
Mais uma vez parabens pelas palavras sobre o Vinicius. Muito bom!
Grande abraco
Dario querido,
Adorei seu texto, que otimo! Eu adorei o documentario, qdo vi aqui em DC um tempo atras, e fiquei muito impressionada com ele.
Queria trazer aqui uma pequena analise que eu fiz na minha tese a respeito do Vinicius.
“When describing Paula Morelenbaum’s work as “a collection of songs by the poet and songwriter Vinicius de Moraes,” the reviewer [A New York Times reviewer, o jornal foi minha maior fonte de dados] brought to the “pop music” scene the Brazilian composer and musician, who surprisingly was almost never cited or credited in the reviews and news analyzed in this research. (Nao ‘e incrivel? E olha que eu examinei 5 anos de music reviews no NYT e em outros jornais….) The fact that he was cited in a more contemporary review, and associated with Brazilian musicians playing electro-bossa suggested his re-creation, as part of representations of coolness and cosmopolitanism, though not necessarily his recognition as a musician. [Tb sugere a re-criacao da bossa nova, como discuti em muitos lugares da tese. ]
E acrescentei no pe' de pagina;
It is worthwhile to point out that Vinícius de Morais wrote many songs that Tom Jobim played, and that he worked as a Brazilian diplomat in the U.S. years ago. The fact that he had the profile of a bohemian and used to drink heavily may have contributed to obscure him, or leave him out of discussions of Brazilian music in the U.S., since “bohemian life” and drinking seem to be represented in U.S. Protestant culture as a kind of moral issue. (Prohibition was organized by a Protestant Movement, as a reaction to the “roaring 20s,” and in contemporary America there are still many dry counties and cities.)
Me diz o que voce acha dos achados e o que a analise de parece.
Beijo
Paula
Rose,
Obrigado pelo toque. Gostei do artigo sobre o diplomata Vinicius. Acho que o tal “homossexualismo” do Vinicius foi "blefe" oficial e foi o fator mais fraco daqueles três alegados pelos militares e seus comparsas civis, isso porque Vinicius sempre foi muito discreto. Ele, bebaço, era discreto, dizem os amigos e conhecidos. O que incomodava o Ministério das Relações Exteriores, muito antes da Ditadura, foi a relação dele com o mundo da música popular. Ele ainda não cantava, não subia aos palcos, mas já incomodava. Quando passou a ser showman, tinha que usar gravata no palco, por força do Itamaraty. Depois veio a fase em que ele passou a usar roupas coloridas (diferentes do resto do povo), descontraídas e informais, no dia a dia, o que irritou as autoridades mais um pouco. Então, mais cedo ou mais tarde alguma coisa ia acontecer mesmo. Inclusive eles impediram a volta dele para o Rio quando estava em Buenos Aires ou Montevideo, não me lembro, e isso foi mais um ponto de atrito, numa relação que só podia ser horrível, já que nossos ditadores eram extrema e hipocritamente moralistas. Com o AI-5, o bicho pegou—ficou insustentável a coexistência dos dois elementos na vida de Vinicius: o Itamaraty e a música popular. Como disse, gostei muito do artigo, por falar da leitura que o poetinha fazia em Portugal naquela noite do AI-5, por exemplo. Por falar da noite com Manuel Bandeira, tb. Genial! Obrigado mais uma vez, por ler, dialogar e nos mandar essa excelente matéria. Dário
Errata feia no q deixei no comments
'amor homo ou bissexual'
Ora, pois pois. Não sei vive amor bissexual, ou é homo ou hetero. rs
Ainda q o sujeito amoroso seja bi.
Sorry
Paula,
Muito obrigado pelas palavras generosas e, depois, pela analise bem interessante e acertada sobre Vinicius e os EUA. Ja' que sua tese e' em ingles, vc precisa tentar publica-la ASAP. Veja aquelas editoras que lancam titulos sobre musica e mande brasa. A Temple University Press (http://www.temple.edu/tempress/), por exemplo, e' uma dica. Entre nos sites e fique sabendo das diretrizes para submissao de manuscritos.
Pois e', concordo plenamente com o que vc disse. Eu ainda observaria que o fato de Vinicius ter escrito muitas letras e poucas melodias (apesar de ter sido capaz de escrever muita musica, tb) o prejudicou onde letras da bossa nova obtiveram versoes em ingles assinadas por outras pessoas. Essa era uma preocupacao enorme de Tom Jobim. Em relacao as suas proprias letras, Jobim ficou quase neurotico. Carregava os poemas em ingles no bolso e melhorava sua qualidade consultando amigos nos bares ou em qualquer outro lugar. Por isso "Waters of March", na versao inglesa do proprio Jobim, e' uma perola!!! Mas houve apropriacao indevida de suas letras e traducoes chulas e ridiculas circularam por ai. Bossa nova, como sabe, virou um enorme trunfo de marketing, principalmente antes da Beatlemania.
Continuemos o bom papo!!!
Beijos,
Dario
Oi Dario,
Que bom que voce gostou da analise. E que coisa impressionante essa outra parte sobre o Vinicius! Que luta! Eu tenho quilhoes a aprender, porque entre outras razoes, musica nao ‘e meu campo de formacao. Alem disso, minha tese examinou as representacoes culturais, escolhendo a musica e outros dominios de cultura popular brasileira como um possivel foco de analise.
Obrigada pela dica da Temple. Vou tentar o que puder.
Sobre as traducoes para o ingles de Waters of March nao conheco, e para te ser sincera, nao consigo imaginar e pensar que vou gostar. Mas quero conhecer. O que ouvi da Bebel Gilberto, Milton, Caetano, e de outros, traduzido para o ingles, me pareceu meio sem vida e tao diferente da versao gostosa em portugues... confesso que acho dificil escutar bossa nova traduzida.
Qto `as apropriacoes musicais.... nem me fale. Se quiser dar uma olhada nesse sentido, olhe o terceiro capitulo da minha tese.
Beijo grande entao e vamos sim conversando!
Paula
Obrigadissima por me educar! Vou ver. Tenho a certeza que sera' lindo, enquanto dure! lisa g.
Obrigada pela cópia do programa! Quanto à cronica, já era uma rosa, e das mais belas!!
Gente,
Muitissimo obrigado pelo interesse despertado em mim e outros leitores. Em relacao ao papo sobre homossexualidade, queria expressar mais algumas ideias. E' muito importante ter cuidado com as palavras porque ha' muito preconceito e muita ignorancia a respeito. Assim sendo, e' forte o risco de desentendimento ou, pior, de contribuicao para mais preconceito e ignorancia. Mesmo pessoas cultas e interessantes as vezes revelam um alto grau de ambos os problemas: p & i. E' muito importante ler e conversar com as pessoas abertamente e, mais importante ainda, e' o auto-questionamento, e' ser honesto sobre a nossa propria sexualidade (e nossa percepcao de nossa sexualidade), que sao coisas diferentes. O ativista e escritor brasileiro (e mineiro) Herbert Daniel batia muito nessa questao. Mais importantes que os "termos" que usamos, acho, sao os nossos questionamentos honestos e profundos sobre qualquer tema, antes de julgar e atribuir rotulos. Tb por isso Herbert Daniel tinha problemas com uma parte da comunidade gay politizada, aquela que "exigia" que as pessoas saissem do armario. Ele tem uma peca de teatro otima sobre essa questao: As tres mocas do sabonete.
Um abraco,
D.
Otima a cronica sobre Vinicius ! Vc continuo tão brasileiro ! Não sabia que ele era fillho de Xangô, que tbem é meu pai de cabeça.
Oi, querido
Recebi, sim e adorei. O documentário é mesmo uma preciosidade.
Beijos e saudades.
Elizah
Dario,
boa tarde.
Excelente o artigo sobre Vinicius. Prova que ser diplomata deve ser uma chatisse. Pelo menos para ele. E ele foi maior na diplomacia do Brasil do que quelquer diplomata.
Obrigado Dário.
Gostei imenso. Acabei de ler também o teu artigo sobre o álbum Cê. Excelente! Meus parabéns. Vou usá-lo na minha aula de amanhã.
Um abraço saudoso,
Fernando
É isso aí meu amigo!
Bravos!
Maria José
Oi Dário querido, tudo bem?
Acabei de ler sua última crônica e aliás, li as que ainda não tinha lido... Gostei demais. Vou ver se vejo o filme do Vinícius.
Já coloquei sua página nos meus favoritos pq tb mudei de computador.
Espero que a gente se fale com mais frequência.
Fique bem! Beijos!
Olívia
Gostei tanto da crônica que assiti o filme ontem!! Não tinha visto e curti muito!!É ótimo quando alguém com sensibilidade e gosto refinado nos dá dicas de programas culturais interessantes. Suas palavras me tocaram, valeu Brother!! Que a vida seja uma eterna poesia!!
Beijão, Cacá.
Oi, primo
Adorei querido! Aliás entrei no seu blog e li também sobre o carnaval!!
Vc é demais, realmente tem o dom!! Adoro ler o que vc escreve!
Bjs...estamos sumidos, né??
Ei queridos e queridas --
Obrigado pelos toques e pelas palavras tao gentis.
Que legal que alguns de vcs gostaram do texto e logo foram ver o filme.
Viver a vida passada como que nas asas da poesia nao deve ser nada facil. Ha' muita dor e
muitos desencontros, ne?
Ainda bem que certos artistas imortais como Vinicius de Moraes encaram todas as vicissitudes e se projetam com os ventos, sejam eles quais forem, e assim
deixam um maravilhoso rastro no ceu -- um legado para nos, mortais, podermos aproveitar dessa vida
que nao vivemos. E' uma vida tao cheia de aclives e declives, que so' podemos conhecer na condicao de espectadores, testemunhas e amantes do mais belo jogo de palavras, do mais sensivel desejo de se dar por inteiro, e do amor que se reveste de muito brilho, acucar e afeto, enquanto dura.
Muito obrigado Dário, gostei muito da crónica sobre Vinicius de Moraes. É cheia de informação fascinante. Agora quero ver o filme sobre ele e ler todas a crónicas e biografias (sobre outros artistas, etc.) que se encontram no seu blogue--mas primeiro devo ler as crónicas designadas (e as/elas de Blanc)... Tantas coisas tão interessantes, não é?
Dario, somente hoje leio essa sua "apresentação" ao documentário sobre o "poetinha". Só porque não sabia da existência do filme. E também porque fez, como sempre o faz, a gentileza de me indicar a experiência. Com o tempo, a gente vai aprendendo a fruir detalhes que o "turbilhão" (Para blaguear você!) da juventude obnubila! Que bom que o tempo passa e que a amizade não faz aniversário!
Bom final de domingo para você!
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