Há de se convir: sonhos não se tornam realidade a toda hora, em toda esquina. Pouco mais de seis anos atrás vi mais um de meus maiores anseios se realizar. Em 4 de dezembro, de 2001, dava início a meu primeiro programa de rádio e, confesso, não pude evitar certo soluço e uma pequena lágrima. Quase todos nós brasileiros sentimos uma dose de ansiedade por descobrir e valorizar nossa cultura. Essa busca pode se tornar ainda mais intensa ao morarmos no exterior.
[Foto: Rosa Passos na famosa Berklee School
of Music, em Boston, em 8/nov/07]
Para mim poucos elementos da cultura brasileira são tão maravilhosos e enobrecedores como a música. Portanto, ao me tornar um tipo de embaixador do nosso cancioneiro, não me contive e chorei como um Assis Valente talvez o fizesse se soubesse que sua música continua viva e valorizada em várias partes do mundo, em pleno século XXI. O meu programa Brazilliance era satisfação demais para um mineiro da pequena cidade de Paraguaçu, um saudoso das serestas, chorinhos e forrós, além dos inesquecíveis sambas e marchinhas de Carnaval, é claro.
Depois de dois meses de treinamento para poder operar o equipamento de rádio sozinho (como locutor e engenheiro de som), criei e lancei o Brazilliance, um programa semanal de três horas na antiga WSMU (hoje WUMD), uma rádio educativa da Universidade de Massachusetts Dartmouth. Enquanto estação de FM não-comercial, a missão da WUMD é informar, entreter, e oferecer música normalmente ignorada ou pouco apresentada pelas rádios comerciais. O nome do show vem do título de um álbum gravado em 1954 por Laurindo Almeida, um excepcional violonista paulista, e distintos nomes do jazz: o saxofonista Bud Shank, o baixista Harry Babasin e o baterista Roy Harte.
Laurindo de fato conhecia, tocava e mesclava magistralmente música clássica, jazz e música popular brasileira. Na década de 50, nos bares e auditórios do sul da Califórnia, Laurindo deixaria seus fãs atônitos ao tocar Chopin, Debussy e Ravel, por exemplo, em forma de jazz ou ao ritmo sincopado do samba. O astro do violão escreveu mais de mil composições originais, gravou mais de cem discos, e a maioria das suas partituras e discos está guardada na Biblioteca do Congresso em Washington, junto aos trabalhos de Bach, Brahms e Beethoven.
Brazilliance vem fazendo a sua história na Nova Inglaterra e no resto do planeta. Já que pode ser apreciado tanto aqui, pelas ondas de FM (89.3), como em todo o mundo, pela Internet (http://www.893wmud.org/), o programa tem fãs, por exemplo, em Rhode Island, Minnesota, Ceará, Rio de Janeiro, e Valência, na Espanha. Tenho regularmente recebido elogiosos e-mails (dborim@umassd.edu) e me sinto realizado na missão de levar aos quatro cantos do globo a sofisticada musicalidade tupiniquim. Brazilliance tem-se rodeado de alguns fatos curiosos. Membros de um grupo de músicos do Ceará, Os Argonautas, ouviam o programa, em Fortaleza, quando toquei algumas de suas canções. Imediatamente telefonaram e passaram a comemorar, aos pulos, a honra de serem tocados no exterior e para todo o mundo.
Outro caso paralelo à história do programa é que dois amigos meus, namorados há muitos anos, têm ligado ao mesmo tempo o rádio (ele, aqui em Massachusetts) e o computador (ela, na Espanha) para ouvir e curtir saudades mútuas ao som das mesmas canções que escolho a cada semana. Ouvintes assíduos, Rick Hogan e Blanca Rodriguez muitas vezes me mandam e-mails ou telefonam durante o show (508-999-8150), que é sempre transmitido às quintas-feiras, das 3 às 6 da tarde, horário do Leste dos Estado Unidos. Assim recebo, sem demoras, o apoio e o carinho de muitos ouvintes-amigos— lá mesmo na estação de rádio, onde, ao vivo, reúno e reflito um pouco do brilho maior desse Brasil que quando canta, nos encanta, um Brasil que ao mesmo tempo merece e nos embevece de tanto dom e amor pela música.
Para mim poucos elementos da cultura brasileira são tão maravilhosos e enobrecedores como a música. Portanto, ao me tornar um tipo de embaixador do nosso cancioneiro, não me contive e chorei como um Assis Valente talvez o fizesse se soubesse que sua música continua viva e valorizada em várias partes do mundo, em pleno século XXI. O meu programa Brazilliance era satisfação demais para um mineiro da pequena cidade de Paraguaçu, um saudoso das serestas, chorinhos e forrós, além dos inesquecíveis sambas e marchinhas de Carnaval, é claro.
Depois de dois meses de treinamento para poder operar o equipamento de rádio sozinho (como locutor e engenheiro de som), criei e lancei o Brazilliance, um programa semanal de três horas na antiga WSMU (hoje WUMD), uma rádio educativa da Universidade de Massachusetts Dartmouth. Enquanto estação de FM não-comercial, a missão da WUMD é informar, entreter, e oferecer música normalmente ignorada ou pouco apresentada pelas rádios comerciais. O nome do show vem do título de um álbum gravado em 1954 por Laurindo Almeida, um excepcional violonista paulista, e distintos nomes do jazz: o saxofonista Bud Shank, o baixista Harry Babasin e o baterista Roy Harte.
Laurindo de fato conhecia, tocava e mesclava magistralmente música clássica, jazz e música popular brasileira. Na década de 50, nos bares e auditórios do sul da Califórnia, Laurindo deixaria seus fãs atônitos ao tocar Chopin, Debussy e Ravel, por exemplo, em forma de jazz ou ao ritmo sincopado do samba. O astro do violão escreveu mais de mil composições originais, gravou mais de cem discos, e a maioria das suas partituras e discos está guardada na Biblioteca do Congresso em Washington, junto aos trabalhos de Bach, Brahms e Beethoven.
Brazilliance vem fazendo a sua história na Nova Inglaterra e no resto do planeta. Já que pode ser apreciado tanto aqui, pelas ondas de FM (89.3), como em todo o mundo, pela Internet (http://www.893wmud.org/), o programa tem fãs, por exemplo, em Rhode Island, Minnesota, Ceará, Rio de Janeiro, e Valência, na Espanha. Tenho regularmente recebido elogiosos e-mails (dborim@umassd.edu) e me sinto realizado na missão de levar aos quatro cantos do globo a sofisticada musicalidade tupiniquim. Brazilliance tem-se rodeado de alguns fatos curiosos. Membros de um grupo de músicos do Ceará, Os Argonautas, ouviam o programa, em Fortaleza, quando toquei algumas de suas canções. Imediatamente telefonaram e passaram a comemorar, aos pulos, a honra de serem tocados no exterior e para todo o mundo.
Outro caso paralelo à história do programa é que dois amigos meus, namorados há muitos anos, têm ligado ao mesmo tempo o rádio (ele, aqui em Massachusetts) e o computador (ela, na Espanha) para ouvir e curtir saudades mútuas ao som das mesmas canções que escolho a cada semana. Ouvintes assíduos, Rick Hogan e Blanca Rodriguez muitas vezes me mandam e-mails ou telefonam durante o show (508-999-8150), que é sempre transmitido às quintas-feiras, das 3 às 6 da tarde, horário do Leste dos Estado Unidos. Assim recebo, sem demoras, o apoio e o carinho de muitos ouvintes-amigos— lá mesmo na estação de rádio, onde, ao vivo, reúno e reflito um pouco do brilho maior desse Brasil que quando canta, nos encanta, um Brasil que ao mesmo tempo merece e nos embevece de tanto dom e amor pela música.
Um comentário:
Meu irmão
Ai está você indo para a Inglaterra discursar sobre o nosso querido Caetano. Que bom que você realiza este e tantos outros sonhos ligados a música brasileira. No seu programa certamente não falta conhecimento(de coisas que até nos desconhecemos!)e sensibilidade. Continue em frente meu irmão. Parabens! Abraço, Silvana.
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