Dário Borim Jr.
dborim@umassd.edu
Eternamente Dário Borim
É com muita alegria que nos reunimos em Paraguaçu para festejar com fotografias, testemunhos e recordações, os 90 anos de nosso querido Dário Borim, um homem de ideais nobres, construídos com muita perseverança. Um ser humilde, generoso e exemplar na sua grandeza. Não é comum encontrarmos pela vida uma pessoa tão lúcida, tão ativa e entusiasmada a essa idade. Essa sua admirável condição física e mental de hoje, nove décadas desde o seu nascimento na vizinha cidade de Varginha, é a coroação de uma longa vida de compromisso integral e dedicação incondicional ao bem da sua família e da cidade que o adotou, o viu crescer, e junto com ele, também cresceu e progrediu. Em 1922 a vida não era nada fácil na nossa região. Trabalhava-se muito e ganhava-se pouco, mas assim também era o caso no norte da Itália, talvez até um pouco pior por lá. Em função da escassez de recursos financeiros e de empregos na Europa cem anos atrás, seus pais, Virgílio e Dulciana Borim, escolheram permanecer no Sul de Minas, onde puderam criar seus filhos e dar de presente a Paraguaçu um ser de perfil tão raro.
Gostaria muito de ter espaço aqui para destacar as vastas conquistas e melhorias que meu pai, com amigos, trouxe a Paraguaçu, como a instalação de uma gráfica de jornal e o moderno tratamento d'água. Foram tantas outras transformações que vieram pela força de liderança de meu pai, mas uma das maiores pérolas dessa coroa, senão a maior, mantém-se belo, altivo, e extremamente benéfico ao povo de nossa cidade, o Ideal Clube.
Aqueles e muitos outros presentes de Dário Borim à cidade eu evoco apenas de passagem, à guisa de recordação, que nos traz tanto orgulho e gratidão, e de tributo a um homem que transformou a sociedade que o adotou. Porém, meu desejo mais profundo é escrever outras linhas como filho que sou. A convite, sou o porta-voz de minha querida mãe, Lucci, dos meus irmãos e cunhados, além de uma dúzia de netos e bisnetas, todos nós fãs de carteirinha desse marido, pai, sogro, avô e bisavô que sempre nos ama, nos auxilia e nos inspira dia a dia a sermos honestos, otimistas — ao mesmo tempo agradecidos por tantas vantagens que nos são oferecidas e também compreensivos diante das perdas e infortúnios que nos doem pelos caminhos tortuosos da vida.
A vida familiar de Dário Borim tem sido uma longa jornada de amor, alegria, e ação. Algumas de suas frases prediletas refletem sua paixão pelo "fazer", pelo viver em plena e constante ação, principalmente no "balcão, a escola da vida". Por isso mesmo o ouvimos dizer tantas vezes que "para o ano" sairíamos todos em férias, ou teríamos uma bela casa de campo para reunirmos e descansar. Na verdade Dário Borim sempre foi e ainda é muito ocupado, e ocupado ele se sente vivo e feliz porque férias ou muito conforto nunca foram seus objetivos. Ele se concentrou na meta de transformar o mundo e fazê-lo melhor para sua família e seus conterrâneos. Sua perseverança o tornou conhecido, respeitado, e ao longo das décadas vieram enxurradas de convites e solicitações para que encabeçasse um, três ou seis projetos públicos ao mesmo tempo. Todos sabiam: "o Dário não só diz; ele faz e faz bem feito".
Vindo de família de imigrantes, de limitados recursos e educação formal, ele sempre soube de seus limites e os aceitou com humildade. Chegou a recusar inúmeras vezes os enfáticos convites para que se candidatasse a prefeito, por exemplo. Aquele pai, que aos sessenta anos mais parecia um jovem de trinta e poucos anos, que não falava inglês, foi capaz, porém, de conseguir emprego nos Estados Unidos para um filho quando este já se encontrava por lá. Tão generoso, sempre ajudou e ainda ajuda não só aos filhos e netos, mas também aos seus irmãos, fossem quais fossem as suas necessidades. No seu contato diário com amigos e fregueses da loja, sua compaixão e sabedoria, paciência e perdão, têm feito diferença nas vidas de muita gente, não importa sua classe socioeconômica, desde uma carente trabalhadora do campo a um banqueiro bem sucedido. Como exemplos mais precisos, vale frisar que dezenas de pessoas o têm como confidente, e também lembrar que em múltiplas ocasiões a Kombi da loja era o veículo em que se levavam doentes a Varginha ou atletas do Clube a eventos esportivos nas cidades vizinhas. Isso, claro, de coração, sem qualquer recompensa financeira.
Dário Borim é um grande exemplo, uma pessoa extraordinária que habita nossas mentes e nossos corações. Honestamente, não consigo imaginar Paraguaçu sem ele. Muito menos a nossa casa e a nossa família sem seu carinho, seu calor e seu carisma. Então, não tenho outro desejo agora senão o de agradecer a Deus, em nome de nós todos, pela graça de contar com Dário Borim por 90 anos, e de pedir ao Pai do Céu que o mantenha conosco assim, sadio, forte e feliz, por pelo menos mais três décadas. Aliás, algumas pessoas deveriam ser eternas. Esses 90 anos já nos fazem crer na sua eternidade.
6 comentários:
MARAVILHA!
Grande abraco,
Risa.
Obrigado, amiga Risa, por ler e comentar a cronica! Foi sensacional e inesquecivel estar presente a essa festa que fez justica a um grande ser humano.
Acho que ainda nao lhe disse sobre a alegria que foi rever Carmelita, por acaso, numa avenida do Mangabeiras. Abracao pra voces duas!
Vivaviva!!!
Darinho, emocionante ler o que você escreveu sobre o sr. Dário! Muito lindo mesmo, mandei o link para D. Maristela...
Parabéns ao Sr. Dario, grande exemplo para todos nós. Lindas palavras Darinho!
Oi Darinho! Ha quanto tempo a gente não se comunica. Quase não abro páginas do computador e hoje a Morgana me alertou para sua crônica no aniversário Do nosso querido Dáriom Estou emocionadíssima com tudo que você escreveu e se eu soubesse escrever acrescentaria tanta coisa alí! São infindáveis os adjetivos que colocaríamos para o Dário. É como você falou. Não imaginamos Paraguaçu sem ele. Quem sabe vai ser aquela pessoa diferente que vai viver cento e tantos anos. De todo modo será eterno nos nossos corações. A crônica sobre o casarão da D. Noemia também está emocionante. Ainda não fio a Paraguaçu depois da derrubada. Nem imagino o susto que vou levar e como vão acelerar as batidas do meu coração quando ver aquele vazio.Bem..um dia nos veremos.Quase não vou a Paraguaçu porproblemas familiares. Um grande e saudoso abraço.
Postar um comentário