Auto-Retrato
Desde pequeno tenho sido uma pessoa extrovertida. Para mim,
compartilhar é um imperativo. É como respirar. Por isso sou tradutor, e foi uma
tremenda honra passar para o inglês o livro Um
homem iluminado, a biografia de Tom Jobim escrita por sua irmã, Helena
Jobim, e publicá-lo aqui nos Estados Unidos. Por querer compartir ao máximo que
posso, escrevo crônicas que ocasionalmente saem no jornal A Voz da Cidade, de Paraguaçu, em meu blog Ponteio Cultural, e em livros, outros jornais e revistas editados no Rio
de Janeiro, Miami, e Fall River, Massachusetts. Pela mesma razão, fiz-me professor
universitário, com artigos publicados na Bélgica, França, Inglaterra, Peru e
Taiwan, entre outros países, e também adoro dar palestras dentro e fora do mundo
acadêmico. Pelo mesmo ímpeto, sou DJ voluntário de uma estação de radio FM há
quinze anos, junto à Universidade de Massachusetts Dartnmouth, onde leciono literatura
brasileira desde o ano de 2000. Meu prazer é enorme e intraduzível em palavras,
ao selecionar e tocar canções para ouvintes espalhados pelo mundo afora, via
internet, como se amigos meus estivessem em minha casa e eu os recebesse aos
sons de uma MPB, um fado, ou uma coladeira.
Tenho praticado
outras formas de expressão. Recentemente, o Museu da Baleia de New Bedford deu-me
a honra de montar uma exposição que reuniu, exclusivamente, 18 de minhas
fotografias: Acquaviva: Águas e Humanos
do Brasil e Portugal. São resultado de uma vida de viajante. A condição de estrangeiro
nos Estados Unidos, cuja família brasileira permanence inteirinha no Brasil, me
faz voltar frequentemente ao país natal. Por outro lado, enquanto professor
universitário tenho tido a chance de visitar vários países para apresentar meus
trabalhos acadêmicos. Nos últimos três anos, por exemplo, estive em nove
países, alguns dos quais com enorme inspiração para uma alma fotográfica –
entre eles, Egito, Escócia, Irlanda, Grécia, Marrocos, e Turquia.
De fato, minha
atração pela criação e reprodução de imagens tem crescido gradativamente ao
longo dos últimos oito anos, até quase chegar ao nível da obsessão. Assim me
tornei um fotógrafo amador prolífico e incansável de todas as coisas, grandes
ou pequenas, próximas ou a anos-luz de distância. Minhas lentes podem recair sobre
uma cidade inteira, como a de Paraguaçu, vista da serra da Matinada, ou sobre
os gigantes paredões da costa rochosa de Sagres, no extremo sul de Portugal.
Minhas fotos também podem ser de pequeninos insetos, gotas d’água, ou de flocos
de neve. Sem dúvida, porém, estes são meus temas favoritos: a lua, o pôr do
sol, nuvens, árvores, flores, estradas e janelas. Acima de tudo, contemplo e
retrato as águas, como as dos açudes, lagos, mangues, praias, rios e riachos. Particularmente,
me fascinam as imagens abstratas, impressionistas, distorcidas, e mutantes
refletidas na superfície ou ao fundo delas.
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