Ensaios e crônicas em português ou inglês sobre artes, literatura, viagens, e o cotidiano na Nova Inglaterra. // Personal essays and crônicas in Portuguese or English about art, literature, travel & day-to-day in New England.
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Paixão: sina e esperança
quarta-feira, 19 de janeiro de 2011
Cartas de Vinicius

A primeira carta reproduzida foi escrita pelo Poetinha a sua mãe, d. Lydia, quando ele tinha 19 anos. Conta de uma viagem a Itatiaia, cidade na região serrana do estado do Rio de Janeiro, hoje em dia, mais uma vez, tão tragicamente castigada pelas chuvas. E já chovia muito por lá em novembro de 1932 (quase 80 anos atrás). Sobre a estrada de terra morro acima, super estreita e escorregadia, as rodas do caminhão em que Vinicius viajava tinham correntes duplas, para maior tração, mas os precipícios eram enormes e se abriam logo às margens dos pneus, para o pavor dos passageiros da cidade grande. “Resultado: de músculos contraídos, com ave-marias na boca a cada curva, o vosso filho viu a morte perto do seu nariz durante uma hora e dez minutos” (17).
Diz o poeta: "Esse caminho, conforme nos disse o tal chofer, que e' a cara de são Pedro, não e' nada perigoso quando está seco. 'Quando está molhado', nos disse o animal, é apenas um bocadinho'. Imagina. Não assustes, porém. Para a volta já providenciamos cavalos mansos" (18).
“Depois da tempestade, vem porém a bonança”, acrescenta Vinicius (18). Daí surge uma bucólica descrição do hotel e de outras maravilhas do lugar, também com sensibilidade e humor: "Estou escrevendo esta num caramanchão poético e fresco, com sabiás discutindo perto. Uma delicia. Da' vontade de fazer uma poesia que preste. Mas a preguiça é muita" (19).
De fato há um universo de enredos e emoções em Querido poeta, mas aqui tenho somente um cantinho de jornal para representá-lo. Termino, então, com uma dose homeopática do amor do poeta pela família e amigos. Em 1938, aos quase 25 anos de idade, Vinicius partiu de navio para estudar literatura em Oxford, na Inglaterra. A bordo do Highland Patriot, ainda subindo pela costa brasileira, já sente saudades, e escreve à mãe: “Mais do que nunca, só o amor das pessoas conta para mim. É tão simples que chega a ser difícil explicar por quê” (53).
Apesar de apaixonado por uma paulista, Tati (Beatriz Azevedo de Mello), com quem logo se casaria por procuração, o poeta confessa os sentimentos pelo irmão: “Não creio que haja pessoa no mundo de quem eu goste tanto quanto do Helius. No entanto, você viu como nos despedimos? Um simples aperto de mão” (53). Então conclui, sobre os que ficaram para trás: “É que a ausência não é tudo. Há, mais fundo e mais forte, uma coragem de amar perigosamente, mesmo através do incompreensível. As pessoas tocam a vida pra frente, repousadas umas no amor das outras. É formidável isso. Vocês me deram uma grande lição” (54).
domingo, 12 de dezembro de 2010
Afagos

Usamos, principalmente, a palavra falada e a palavra escrita para nos comunicarmos, mas o silêncio também diz algo em muitos contextos, inclusive aquele que Carmen Miranda jamais esqueceu. Caladas, as elites do Rio de Janeiro presentes ao Cassino da Urca em uma noite de 1940 transmitiram um desafeto histórico, uma mise-en-scène da indelicadeza. Depois de Carmen cantar uma, duas, três canções, não soou nenhum aplauso, somente aquele silêncio que dizia, nas suas estrelinhas vazias mas, mesmo assim, ferozes de rancor: “Nós não gostamos mais de você. Você está muito americanizada”. A bela e talentosa Carmen Miranda não se recuperou mais daquele silêncio.
Outras formas “mudas” de comunicação não ferem a ninguém. Muito pelo contrário, podem redimi-las da dor, da solidão e da saudade, saudade até daquele tipo antecipado, como foi a de Gilberto Gil em 1969. Após serem injustamente acusados de anarquistas subversivos e sofrerem a humilhação e o extremo desconforto de uma prisão solitária, ele e Caetano Veloso receberam uma “graça” da polícia: poderiam fazer um concerto em Salvador para que, com o dinheiro, comprassem passagens e sumissem do país. Daí que Gil quis cantar e, através de uma nova canção, despedir-se de seus amigos e dos brasileiros em geral, sem sequer poder anunciar sua partida. Parece que todo o país entendeu o seu recado: a sua velada mensagem de adeus e de amor. Até hoje usamos, no dia a dia, a mesma expressão de Gil, “aquele abraço”, que também é o próprio título da música. Era sem dúvida um doce e carinhoso abraço de milhões de almas oferecido por mais um de nossos artistas a caminho do exílio.
Assim como um bom abraço, o aperto de mão, o cafuné, o tapinha no ombro, o leve toque na cabeça ou nas costas, o beijinho social, o beijo apaixonado, e aquela boa soneca no colo da mãe ou do namorado — tudo isso pode nos dar o prazer físico da amizade e do amor, da compaixão e do perdão, do consolo e da cumplicidade. Cada um de nós deve ter na memória pelo menos um dia em que algo assim aconteceu e o mundo se transformou.
Para mim um daqueles instantes mágicos aconteceu há quase um ano, quando antecipei minha viagem de Paraguaçu a Belo Horizonte por um motivo muito triste. Um dos meus melhores amigos — e aqueles que me conhecem sabem que sou agraciado por um contingente de pessoas que me querem bem — tinha acabado de perder sua filha única, de 18 anos. Assim como a esposa Sônia, Geraldo já sentia no corpo a saudade antecipada e dolorosa da inesquecível Yumi, vítima da fúria das águas que caíram sobre Ilha Grande, junto a Angra dos Reis, no estado do Rio de Janeiro.
Nosso encontro em Belo Horizonte não foi nada comum. Deixou-nos a certeza de que a energia do abraço expressa mais que qualquer palavra, que querendo e podendo “dizê-lo”, nos tornamos muito mais fortes, nos tornamos até temporariamente donos de dois corações, como tão bem explica o autor anônimo do texto que transcrevo abaixo.
Aqui vai, então, o meu mais terno abraço, com votos de felizes festas, a todos vocês que me honram com a atenção e me lêem a cada mês. Pelo carinho que lhes tenho e em gratidão pelos nossos encontros às páginas d’A Voz da Cidade ou do meu blog, Ponteio Cultural, aqui segue um singelo presente de fim de ano: “A tecnologia do abraço”. Espero que gostem. Nasceu da mais profunda, porém despretensiosa, sabedoria do povo mineiro.
O matuto falava tão calmamente, que parecia medir, analisar e meditar sobre cada palavra que dizia...
— É... das invenção dos homi, a que mais tem sintido é o abraço. O abraço num tem jeito di um só aproveitá! Tudo quanto é gente, no abraço, participa uma beradinha. Quandu ocê tá danado de sodade, o abraço de arguém ti alivia. Quandu ocê tá cum muita reiva, vem um, te abraça e ocê fica até sem graça de continuá cum reiva. Si ocê tá feliz e abraça arguém, esse arguém pega um poquim da sua alegria...
Si arguém tá duente, quandu ocê abraça ele, ele começa a miorá, i ocê miora junto tamém. Muita gente importante e letrado já tentô dá um jeito de sabê purquê qui é qui o abraço tem tanta tequilonogia, mas ninguém inda discubriu.
Mas, iêu sei! Foi um anju de Deus qui mi contô. Iêu vô contá procêis u qui foi quel mi falô: O abraço é bão pur causa do Coração. Quandu ocê abraça arguém, fais massage no coração! I o coração do ôtro é massagiado tamém! Mas num é só isso, não. Aqui tá a chave do maió segredo de tudo. É qui, quandu nois abraça arguém, nóis fica cum dois coração no peito!...
sexta-feira, 26 de novembro de 2010
Expatriados
Expatriados
Dário Borim Jr.
Segundo o Novo
Dicionário Aurélio, expatriado é quem “sofreu a pena da expatriação”, isto
é, do exílio, gente como Fernando Gabeira, preso após sequestrar um embaixador.
Ou é aquele indivíduo que se exilou por conta própria, que fez as malas e
partiu sem a companhia de um homem fardado à porta do avião.
Quem é o quê entre nós, hoje, fora do Brasil? Jogamos todos no
segundo time e por isso temos muita coisa em comum? Acho que a questão é mais
complicada. Até mesmo os exilados políticos dos anos da ditadura se dividiam em
grupos muito variados. Eles por certo não formavam um grupo único e coeso
sugerido em abril por Dilma Rousseff, então pré-candidata pelo PT à presidência
da república. Indiretamente acusando José Serra, ela teria dito que muitos
exilados fugiram do país “por medo da luta armada”.
Como se diz, o buraco é mais embaixo, e por isso mesmo deixo tais
estrelas da política brasileira de lado e me volto para a história de pessoas
comuns, com quem pude conversar recentemente. Vou aqui referenciá-las por nomes
fictícios por duas razões. Primeiro, para salvaguardar sua privacidade.
Segundo, por eu ter consciência dos limites da minha memória. Começo por
Gabriela, jovem simpática e atraente que se sentou ao meu lado num voo entre
Nova York e São Paulo. A conversa fluiu sem trégua, e de tal modo ligeira e
interessante, que depois de cinco horas e meia, das 11 da noite às quatro e
meia da manhã, vi que era importante um de nós ter a coragem de dizer ao outro,
“vamos dormir”?
Antes, porém, soube que Gabriela saíra do Brasil quando
necessitava de novos ares para não se enveredar pela depressão aguda ou mesmo
pela loucura. Filha única de um médico e uma professora universitária, Gabriela
e eu tínhamos em comum a sede pela aventura no exterior e a paixão pelos
livros. Ela fazia mestrado em literatura inglesa quando sua mãe foi
diagnosticada com câncer. A mãe faleceu nove meses mais tarde. Pouco tempo
depois daquela perda Gabriela conheceu Marisa, uma amiga da mesma idade de sua
mãe e do mesmo tipo de personalidade: extrovertida, carinhosa, alegre, e cheia
de energia. Marisa era ativista na defesa dos direitos dos animais.
Infelizmente, por extrema ironia do destino, numa noite ela dirigia sozinha em
velocidade normal e de repente teve que lidar com uma capivara que atravessava
a estrada. Para evitá-la, Marisa entrou para a contramão. Chocou-se de frente
com outro carro, onde viajavam cinco pessoas de uma mesma família. Todas se
machucaram gravemente, mas ninguém morreu nesse acidente, exceto a amiga de
minha companheira de vôo.
O golpe foi pesado demais, e Gabriela largou tudo para trás: a
cidade natal de Florianópolis, o pai, os amigos, a vida acadêmica, e até mesmo
o noivado. Conseguiu um emprego na Europa na área de turismo, e por conta disso
já fez dezenas de cruzeiros pelo mar Mediterrâneo e por outras belas regiões do
planeta. Um dia se cansou de ter residência fixa no exterior e voltou para o
Brasil. Tem apartamento montado no Rio, mas vira e mexe está na Europa por uma
temporada, como free-lance de turismo, ramo que escolheu depois das duas
tragédias, circunstâncias que lhe ensinaram a importância do desapego para não
sofrermos demais.
Sofrendo aos extremos, claramente, estava meu companheiro de voo
entre Miami e Boston, quando eu regressava do Brasil no mês passado. João mal
tinha assentado ao meu lado e eu já lhe percebera o semblante tenso. Na verdade
seu olhar era de tristeza, fui logo saber. Ele voltava para os Estados Unidos
depois de passar nove dias no nosso país, exatamente como eu. Em pouco tempo de
conversa tocamos em assuntos bem íntimos e significativos. Ele estava cansado
de muitas idas e voltas. Queria ficar no Brasil, mas sua vida está entrelaçada
às de outras quatro, esposa e três filhos em idade escolar.
Jorge e esposa vieram para este país sem documentação que lhes
permitisse ficar aqui e trabalhar legalmente. Consequência: ele passou dez anos
sem ir ao Brasil! Talvez outra conseqüência tenha sido sua infelicidade e até
mesmo a doença que o atormentou por alguns anos. Contraiu câncer num dos
testículos. Pelo sangue esse câncer passou a atuar, sem se espalhar como
câncer, sobre certa região do cérebro, o que lhe trouxe paralisia em metade do
corpo e o sério risco de ter que fazer uma cirurgia na massa cefálica
temporariamente inchada, perigo que claramente não se justificava.
João sarou-se antes de lhe abrirem a cabeça por engano, mas
ficaram pequenas seqüelas, como uma pequena falta de equilíbrio. O que importa,
é claro, é que sobreviveu. Infelizmente também ficou o desejo de voltar para o
nosso país, mas com a esposa bem situada profissionalmente em Boston e os filhos
americanos enraizados na Nova Inglaterra, o homem carrega uma pesada dor na
alma. Eu me lembrei de mim mesmo em dilema parecido – na verdade, o de muita
gente expatriada por esse mundo afora. Gente que saiu do país sem um empurrão
oficial e sem medo de se aventurar fora de casa. Gente que não para de sonhar
com a volta, sem parar de enxergar as amarras do destino e as consequências a
longo prazo das bem intencionadas opções do passado. Pois é, o buraco é mesmo
mais embaixo, e muitas vezes não se sabe nem a sua profundidade, nem a sua
escuridão.
quarta-feira, 20 de outubro de 2010
Peixe fora d’água
Naquele sentido, sou peixe muito bem ajustado a sua água, pois de sobra tenho ainda as estrelas como companheiras de vida. É que por causa da crise financeira de 2008 a prefeitura desligou muitos dos holofotes públicos. Há anos nossas ruas se vestem de um mesmo breu que a todos nos envolve, oferecendo-nos as estrelas e a lua de plantão mensal como excelentes alternativas à claridade cara e artificial que antes vinha dos postes de madeira.
segunda-feira, 27 de setembro de 2010
Mensagens
O telégrafo e as locomotivas trouxeram novo impulso à velocidade das comunicações interpessoais. Mais tarde, os automóveis e os aviões, também. Com o desenvolvimento da eletrônica, porém, a revolução foi radical. Primeiro vieram os satélites, mas as chamadas telefônicas eram muito caras. Depois passamos a trocar longas “cartas” por meio de fitas cassetes. Filhos e pais, namorados e amigos do peito, agora podiam contar longos casos, compartilhar de música e poesia, e enviar essas gravações por meio de um serviço postal que podia levar entre dois dias e duas semanas. Tomava um tempo, mas a comunicação chegava, levando a voz dos entes queridos, as emoções e muita “vida” que assim se fazia possível entre amantes, amigos e parentes afastados fisicamente.
Eu sempre gostei de escrever e receber cartas. Até sonhava com elas, e acabei virando colecionador de selos postais. Antes de completar 14 anos já tinha correspondentes internacionais (na Argentina, Canadá, Colômbia, Grécia, entre outros países), e me deliciava com o privilégio de praticar o inglês e o espanhol e ainda aprender sobre aquelas culturas via correio. Tanto gostava de me corresponder por cartas que guardo na casa de meus pais, até hoje, um acervo de mais de 500 correspondências. Que mundo e que vida estão lá preservados! Em meio a elas também possuo varias dezenas daquelas tais fitas-cartas, inclusive valiosas gravações feitas por meus pais a partir do dia em que eu vim estudar e trabalhar nos Estados Unidos, em março de 1981. Não havia limite para o quê, como ou quando gravar uma carta-cassete, já que os gravadores portáteis podiam nos acompanhar a qualquer lugar. Lembro-me de ter feito gravações daquele tipo até enquanto caminhava pelas ruas, curtia uma festa, ou me encontrava com amigos num bar.
Hoje, em plena era do e-mail, das comunidades virtuais como o Orkut e o FaceBook, e das ligações baratas ou gratuitas entre pessoas morando em regiões tão distantes do planeta, acabo de receber uma mensagem de um modo bem antigo, certamente o meio de comunicação mais ancestral de toda a história da humanidade: o boca-a-boca. Aquele recado foi de outro modo ainda mais significante, um tipo de mensagem que eu jamais recebera. Aconteceu na segunda-feira passada na biblioteca central da Universidade de Massachusetts Dartmouth, onde trabalho há 11 anos.
Antônio, um senhor de meia-idade, me procurou após assistirmos a uma palestra de Salwa Castelo-Branco sobre a história da música portuguesa do século XX. Perguntou-me o nome. Quando soube quem eu era, disse que estava muito satisfeito por me ter encontrado. Trazia uma mensagem, mas talvez eu não me lembrasse mais da pessoa que a enviara. Quando Antônio mencionou o nome de seu irmão, Luís, tive a forte sensação de que eu sabia quem era o tal Luís, apesar de eu não ter recebido ainda nenhuma indicação de quem se tratava. Eu estava certo.
Antônio disse-me que seu irmão, Luís Cabral, pediu-lhe para me dizer, quando me encontrasse, que ele, Luís, tinha gostado muito de ouvir o Brazilliance, meu programa de rádio. Confirmada a minha suspeita de que tal Luís era o mesmo que eu imaginara, imediatamente disse a Antônio que eu também tinha ótimas lembranças daquele ouvinte assíduo, tão interessado em música brasileira, portuguesa e luso-africana, e tão gentil ao ponto de me escrever emails após cada programa, comentando o repertório tocado naquela quinta-feira ou sugerindo novos títulos para o programa da semana seguinte. Eu que nunca encontrei Luís pessoalmente tinha agora a oportunidade de saber mais sobre aquele ouvinte leal, de quem eu não recebia mais emails desde 2004.
Antônio narrou um pouco da história do irmão. Sua voz já se encontrava alterada, mais suave e emotiva. Disse que não queria reclamar da vida ou do destino, mas isso era difícil, pois seu irmão falecera em julho passado, aos 65 anos de idade. Formara-se engenheiro com a primeira turma graduada no novo campus da nossa universidade. Amava música. Tocava violão e violoncelo. Participou de uma banda de jazz por aqui, na região de Rhode Island, e depois na Carolina do Norte, onde foi morar por ordem da marinha, para a qual trabalhava. Na marinha ele chegou a tocar numa orquestra sinfônica e até a dar aulas de violoncelo.
Quando Luís mudou-se para a Carolina fez questão de comprar uma casa próxima a um hospital, pois sua esposa era diabética e passava por crises de saúde bem amiúde. Mal sabia ele que nesse hospital ele passaria muito mais tempo do que ela. Antônio disse-me que seu irmão era cheio de vida, cheio de entusiasmo e amor pela música, mas que seu fim foi muito rápido. Um câncer no intestino ceifou-lhe a vida apenas noves meses após os primeiros sintomas.
Aquela conversa de dez minutos não me saiu da mente até hoje. Ainda me pergunto muitas coisas depois de receber aquela mensagem de um ser que já tinha partido desse mundo. Senti um misto de prazer e dor naquela hora, o que se repete neste momento. Fiquei tão honrado por receber tal recado quanto incomodado pelo fato de não mais possuir suas mensagens eletrônicas e, pior, não ter feito nada para me encontrar com aquele ouvinte-amigo. Ficou-me mais uma lição sobre a fragilidade da vida humana e da necessidade de não deixarmos para amanhã a chance de conhecer alguém que cruza nosso caminho e tem afinidade com nossa alma, com nosso modo de encarar e desfrutar dessa existência tão bela, por várias razões, mas também tão surpreendente, porque tão sinistramente injusta e passageira.
quarta-feira, 25 de agosto de 2010
Labuta ou Lazer?
Passaram-se muitos anos, mas na labuta ou no lazer, continuo me ocupando com palavras. Há um ano e meio assumi um difícil compromisso junto à Biblioteca do Congresso dos Estados Unidos: ler 62 livros e escrever umas “coisinhas” para publicarem num livro bianual daquela instituição, a maior biblioteca do mundo. Estou frito, pois o prazo está acabando exatamente daqui a uma semana e ainda tenho três volumes a dissecar, além de um ensaio a redigir, e nem sei quantas sinopses a concluir para o mesmo projeto. Todos os livros são coletâneas de crônicas brasileiras, quase todos deliciosos de ler — entre eles um de nosso querido conterrâneo Jeferson de Andrade. Num só volume há 101 delas. Oh Gerarda, diria eu num agitado barzinho de Belo Horizonte, se por lá estivesse, neste momento, e não aqui, nesta madrugada cinzenta e úmida de Massachusetts.
Então me veio uma dúvida cruel: nas próximas horas devo ler mais uma dúzia de crônicas de Mário de Andrade ou escrever minha própria crônica para A Voz da Cidade? Labuta ou lazer? Quem sabe consigo fazer as duas coisas, com uma pequena ajuda dos meus leitores que vão aqui comentar minha crônica anterior, “Belos Horizontes”. Sem o saber — e sem querer me processar por plágio, espero — vocês estarão contribuindo, mesmo que anônimos e em forma de palimpsesto, para mais uma edição desta coluna. Vamos lá!
Ficou muito boa! Belo Horizonte agradece. Sou mineira de coração. A próxima vez que tu ficares perdido em Atlanta, chama a gente! A crônica ficou maravilhosa! Sabe que quando você termina a crônica dizendo do nosso privilégio de ficar aos pés da serra do Curral me vieram três coisas na cabeça, esse luar maravilhoso visto por lá, o Parque das Mangabeiras e o Parque Municipal. Sei que existem milhões de outros atrativos nesta grande cidade pra você escrever, mas é que estes três lugares são Darinho pra mim. Agradeci a Deus por ser belo-horizontina depois desse encerramento! Com o coração cheio de esperança que tudo ainda vai melhorar e dar certo pra mim! Ficou maravilhoso o texto, como sempre!
Eta trem bom..., nem me fala que delícia é a sua terra! Gostei! Como sempre um texto apaixonado e muuuito bonito. Para mim, Belo Horizonte é tudo o que diz o título. Acho a cidade muito bonita e foi um presente conhecê-la em uma viagem a Minas Gerais que também passeou pelos arredores dos Horizontes. É claro que, diante de tantas coisas lindas que foram ditas, ainda cabe ressaltar — porque indiretamente você trouxe o tema — a presença grandiosa dos autores que se relacionam aos horizontes belos e às gerais de maneira contínua. A cultura transborda e a gente aproveita!
Não é que o texto ficou bom demais, sô! Uai, mas você não se esqueceu de nada! Muito bom seu texto. Mais uma vez, a sua "mineiridade" transparece azul e leve, entre suas palavras. Uma crônica de "peso"! Passeei pelas localidades que você descreve, sonhei com as intuições e maravilhei-me com seu estilo... sem redundância... personalíssimo!
Legal e muito bem escrita. Ficou linda... Concordo com tudo, que paisagem linda e... que belo encerramento de seu trabalho! Nós e BH adoramos receber você aqui. E viva o céu de Belo Horizonte! Muito poética e inspirada. Apaixonante! Pude até ver este "céu-mar" cristalino e o grupo de dança Corpo (que adoro) dando o seu show lá na terrinha! O seu pai já havia me ligado e falado sobre esta sua nova cria! Ele gostou muito e falou todo empolgado sobre a mesma. Valeu, Dário. O legal é "ver" Belo Horizonte através dos seus olhos, que, compreensivelmente, são bem mais românticos do que os nossos que vivem aqui. Um abração e boa semana.
Mirem-se nas cenas de Atenas
A colina da Acrópole desde o Hostel Safestay (2025) Ei, senhor Chico Buarque de Holan...

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Dário Borim Jr. dborim@umassd.edu Batista, Alex, Geraldo, Henrique, DB, Tatau e Delson -- Turma da Eterna Saideira Hoje não tem papo de Clar...
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Dário Borim Jr dborim@umassd.edu Vinicius é um documentário que muito me impressiona pela sua formosura poética. Também me faz questio...
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Uma casa assassinada Dário Borim Jr dborim@umassd.edu Rua Presidente Getúlio Vargas, número 11. Foi ali que mataram um ...