Ensaios e crônicas em português ou inglês sobre artes, literatura, viagens, e o cotidiano na Nova Inglaterra. // Personal essays and crônicas in Portuguese or English about art, literature, travel & day-to-day in New England.
quinta-feira, 12 de setembro de 2013
O Poeta da Paixão em Oxford
quarta-feira, 24 de julho de 2013
Mundo bipolar
segunda-feira, 3 de junho de 2013
Deus é Brasileiro e... Atleticano!
Muitas agências de notícia exploraram o mesmo tema. A BBC de Londres,
por exemplo, deu, no dia 20 de março, que a presidente Dilma Rousseff
“reagiu com bom humor” a uma pergunta de um jornalista argentino, quando ele
questionara a opinião dela sobre o fato de o novo papa ter nascido em Buenos
Aires. "Vocês, argentinos, têm muita sorte… o papa é argentino, mas
Deus é brasileiro", assim argumentou Rousseff em visita oficial ao
Vaticano.
Outras notícias vindas mais recentemente de Belo Horizonte vão além.
Deus não é apenas brasileiro: Deus é atleticano. Na pequena paróquia
de Nossa Senhora da Piedade, da comunidade de Piedade do Paraopeba, pertencente
ao município de Brumadinho, o carismático e genoroso padre Paulo
Eustáquio Cerceau Ibrahim incorporou uma trilha sonora bem especial aos ritos
sagrados da Festa do Divino: o hino do Galo! Sim, aquele mesmo, “Nós somos do
Clube Atlético Mineiro/ Jogamos com muita
raça e amor/ Vibramos com alegria
nas vitórias/ Clube Atlético Mineiro/ Galo Forte Vingador”.
Bem, convenhamos, aquele é um hino muito especial. Segundo o site oficial do clube belorizontino, www.atletico.com.br, o primeiro hino da associação vigorou entre os anos de 1928 e 1968, mas em 1969 a diretoria atleticana encomendou ao compositor Vicente Motta o "Hino ao Clube Atlético Mineiro". Segundo a mesma fonte de informação, este hino é idolatrado pela torcida de tal modo que se tornou o “mais cantado em estádios no Brasil”. Ainda de acordo com aquele portal, em 1976, em Nápolis, na Itália, houve um concurso mundial de hinos de clubes de futebol, e o do Galo foi o vencedor. Passou a ser considerado o mais belo entre todos os hinos de clubes de futebol do mundo.
Não sei se padre Paulo tem paixão especial pelo Hino do Galo, ou mesmo se outras vezes já pediu que a banda da paróquia o tocasse em pleno rito religioso. O fato é que, João Batista Vaz Xavier, um grande amigo meu, estava presente à procissão. Filmou o “fenômeno religioso-esportivo” e postou o vídeo em uma das maiores redes sociais electrônicas do planeta, o FaceBook. É também curioso que naquele mesmo domingo da Festa do Divino algo muito importante aconteceria no estádio do Mineirão, logo após a procissão: a partida decisiva a consagrar o campeão do estado de Minas Gerais de 2013.
Antes, um verdadeiro banquete popular -- com arroz,
feijão, frango assado, e muito mais -- foi servido aos fiéis. Conforme explica
Batista, o padre é uma espécie de Robin Hood por conseguir doações junto aos
ricos e oferecer comida e outras dádivas materiais aos pobres daquela região
montanhosa de Minas. Após a comilança, todos regressaram à igreja e assistiram
à missa que, coincidentemente, ocorreu enquanto jogavam Atlético e Cruzeiro em
Belo Horizonte. Acabada a missa, disse-me Batista, o padre, ainda do
púlpito, se despedia dos fiéis quando recebeu um sinal do sacristão: um gesto
muito conhecido, o polegar dizendo, “positivo”! Então padre Paulo não se
acanhou, “Meus caros, por último uma notícia que acabo de receber: a taça é
nossa!”
Esse “causo” mineiro eu ouvi, via Skype, na quarta-feira, dia 22 de maio, 2023, véspera de uma palestra que eu daria no Dartmouth College, uma bela e rica faculdade aqui nos Estados Unidos (do mesmo grupo da Harvard, chamado ivy league). O “causo” me levou a pensar nas teorias do famoso antropólogo carioca Roberto DaMatta. Acabei iniciando minha comunicação naquela escola aludindo ao tal “fenômeno” de mistura entre religião e futebol. Todos nós rimos muito. O professor paulistano Rofolfo Franconi, presente a minha palestra, me perguntou: “e os cruzeirenses, como se sentiram na procissão, e ainda ‘pior’, na igreja?”
Nos seus trabalhos acadêmicos DaMatta enfatiza vários aspectos que apontam para as particularidades do povo brasileiro. Como explica o antropólogo no seu livro O que faz o brasil, Brasil?, o brasileiro vive em um mundo de misturas de todo tipo, inclusive a mescla daquilo que é individual com o institucional, religião com esporte, o publico com o privado, o sério com o cômico, etc.
A dúvida do meu colega Franconi tem fundamento. As estatísticas poderiam confirmar, mas era mesmo muito provável que boa parte dos fãs do padre Paulo não torcesse para o Alvinegro. Eram fãs do Cruzeiro e, outros, do América ou de nenhuma equipe. A ética profissional -- ou clerical, como queiram -- foi para onde, nesse caso? Esse “sutil” desrespeito à diferença, às margens do mundo atleticano, teria alguma importância? Seria outra pitada de humor, como a da presidente no Vaticano? Seria apenas uma pequena e inefável loucura de um padre fanático? Ou seria um exemplo da enorme tolerância de quem não foi incluído na reza -- aliás, daqueles contra quem se fez a reza oficial?
Pois, assim, a paixão individual do padre de Piedade do Paraopeba não se separou do seu poder eclesiástico. Ela se incorporou no rito institucional que ele administrava, com fé e formalidade, e se fez valer, a revelia da anti-paixão de cruzeirenses e americanos. De modo semelhante, a presidente do Brasil fez galhofa da superioridade do povo brasileiro sobre o argentino. Afinal de contas, em termos de poder, a figura do papa está bem abaixo daquela de um Deus, mesmo que brasileiro –principalmente quando temos um tipo de papa que já disse que pecou muitas vezes e que os ateus também podem ascender aos céus.
Como vimos, para o deleite de muitos mineiros, tal
Deus também é atleticano de carteirinha. Será que foi com ajuda divina que o
goleiro atleticano Vítor Leandro Bagy defendeu um pênalti decisivo, nos últimos
segundos de um jogo tão importante como o da Copa Libertores da América na
quarta-feira passada? Apenas na manhã seguinte o heroi recebeu mais de 20
solicitações de entrevistas. “O Atlético não
poderia ter saído da competição daquela forma. Foi também uma justiça de Deus
pelo trabalho que estamos fazendo, por nossa postura”, disse o jogador ao
jornal Estado de Minas.
Confirmando a tendência do brasileiro a mesclar o divino com o prosaico -- mundos da mesma moeda que, segundo DaMatta, “se relacionam de modo complexo e simultâneo” – o goleiro ainda declarou ao mesmo jornal que após o jogo, ao chegar ao condomínio em que mora, viu uma faixa no portão, que, apesar de bem simples, o tocou forte no coração: “Muito obrigado, São Victor”. Amém!
domingo, 19 de maio de 2013
A Crônica no Século XXI
Profs. Perrone, Bianconi & Borim - Foto de Marcelo Bianconi |
terça-feira, 9 de abril de 2013
Esse Chocolate Meio-Amargo da Meia-Idade
Minha irmã Silvinha, seu marido José Codo, e alguns de seus melhores amigos se reúnem assim. Há entre eles até mesmo homens e mulheres que um dia foram casados entre si. Não o são mais, mas lá estão, como amigos, se vendo a cada quatro semanas, melhorando a qualidade de vida de quem já criou os filhos, viveu amores e desamores, teve uniões e separações, viu neto nascer e mãe morrer. É gente que sabe bem como que pouco nesse mundo se compara ao prazer da amizade alegre, carinhosa, divertida, descompromissada, profunda e sincera. Quem sabe não é essa uma das melhores barras de chocolate, saudável e saborosa?
domingo, 10 de março de 2013
Nosso Carnaval 2013
Nosso Carnaval 2013
terça-feira, 29 de janeiro de 2013
Eternamente Dário Borim
Dário Borim Jr.
dborim@umassd.edu
Eternamente Dário Borim
É com muita alegria que nos reunimos em Paraguaçu para festejar com fotografias, testemunhos e recordações, os 90 anos de nosso querido Dário Borim, um homem de ideais nobres, construídos com muita perseverança. Um ser humilde, generoso e exemplar na sua grandeza. Não é comum encontrarmos pela vida uma pessoa tão lúcida, tão ativa e entusiasmada a essa idade. Essa sua admirável condição física e mental de hoje, nove décadas desde o seu nascimento na vizinha cidade de Varginha, é a coroação de uma longa vida de compromisso integral e dedicação incondicional ao bem da sua família e da cidade que o adotou, o viu crescer, e junto com ele, também cresceu e progrediu. Em 1922 a vida não era nada fácil na nossa região. Trabalhava-se muito e ganhava-se pouco, mas assim também era o caso no norte da Itália, talvez até um pouco pior por lá. Em função da escassez de recursos financeiros e de empregos na Europa cem anos atrás, seus pais, Virgílio e Dulciana Borim, escolheram permanecer no Sul de Minas, onde puderam criar seus filhos e dar de presente a Paraguaçu um ser de perfil tão raro.
Gostaria muito de ter espaço aqui para destacar as vastas conquistas e melhorias que meu pai, com amigos, trouxe a Paraguaçu, como a instalação de uma gráfica de jornal e o moderno tratamento d'água. Foram tantas outras transformações que vieram pela força de liderança de meu pai, mas uma das maiores pérolas dessa coroa, senão a maior, mantém-se belo, altivo, e extremamente benéfico ao povo de nossa cidade, o Ideal Clube.
Aqueles e muitos outros presentes de Dário Borim à cidade eu evoco apenas de passagem, à guisa de recordação, que nos traz tanto orgulho e gratidão, e de tributo a um homem que transformou a sociedade que o adotou. Porém, meu desejo mais profundo é escrever outras linhas como filho que sou. A convite, sou o porta-voz de minha querida mãe, Lucci, dos meus irmãos e cunhados, além de uma dúzia de netos e bisnetas, todos nós fãs de carteirinha desse marido, pai, sogro, avô e bisavô que sempre nos ama, nos auxilia e nos inspira dia a dia a sermos honestos, otimistas — ao mesmo tempo agradecidos por tantas vantagens que nos são oferecidas e também compreensivos diante das perdas e infortúnios que nos doem pelos caminhos tortuosos da vida.
A vida familiar de Dário Borim tem sido uma longa jornada de amor, alegria, e ação. Algumas de suas frases prediletas refletem sua paixão pelo "fazer", pelo viver em plena e constante ação, principalmente no "balcão, a escola da vida". Por isso mesmo o ouvimos dizer tantas vezes que "para o ano" sairíamos todos em férias, ou teríamos uma bela casa de campo para reunirmos e descansar. Na verdade Dário Borim sempre foi e ainda é muito ocupado, e ocupado ele se sente vivo e feliz porque férias ou muito conforto nunca foram seus objetivos. Ele se concentrou na meta de transformar o mundo e fazê-lo melhor para sua família e seus conterrâneos. Sua perseverança o tornou conhecido, respeitado, e ao longo das décadas vieram enxurradas de convites e solicitações para que encabeçasse um, três ou seis projetos públicos ao mesmo tempo. Todos sabiam: "o Dário não só diz; ele faz e faz bem feito".
Vindo de família de imigrantes, de limitados recursos e educação formal, ele sempre soube de seus limites e os aceitou com humildade. Chegou a recusar inúmeras vezes os enfáticos convites para que se candidatasse a prefeito, por exemplo. Aquele pai, que aos sessenta anos mais parecia um jovem de trinta e poucos anos, que não falava inglês, foi capaz, porém, de conseguir emprego nos Estados Unidos para um filho quando este já se encontrava por lá. Tão generoso, sempre ajudou e ainda ajuda não só aos filhos e netos, mas também aos seus irmãos, fossem quais fossem as suas necessidades. No seu contato diário com amigos e fregueses da loja, sua compaixão e sabedoria, paciência e perdão, têm feito diferença nas vidas de muita gente, não importa sua classe socioeconômica, desde uma carente trabalhadora do campo a um banqueiro bem sucedido. Como exemplos mais precisos, vale frisar que dezenas de pessoas o têm como confidente, e também lembrar que em múltiplas ocasiões a Kombi da loja era o veículo em que se levavam doentes a Varginha ou atletas do Clube a eventos esportivos nas cidades vizinhas. Isso, claro, de coração, sem qualquer recompensa financeira.
Dário Borim é um grande exemplo, uma pessoa extraordinária que habita nossas mentes e nossos corações. Honestamente, não consigo imaginar Paraguaçu sem ele. Muito menos a nossa casa e a nossa família sem seu carinho, seu calor e seu carisma. Então, não tenho outro desejo agora senão o de agradecer a Deus, em nome de nós todos, pela graça de contar com Dário Borim por 90 anos, e de pedir ao Pai do Céu que o mantenha conosco assim, sadio, forte e feliz, por pelo menos mais três décadas. Aliás, algumas pessoas deveriam ser eternas. Esses 90 anos já nos fazem crer na sua eternidade.
Mirem-se nas cenas de Atenas
A colina da Acrópole desde o Hostel Safestay (2025) Ei, senhor Chico Buarque de Holan...

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Dário Borim Jr. dborim@umassd.edu Batista, Alex, Geraldo, Henrique, DB, Tatau e Delson -- Turma da Eterna Saideira Hoje não tem papo de Clar...
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Dário Borim Jr dborim@umassd.edu Vinicius é um documentário que muito me impressiona pela sua formosura poética. Também me faz questio...
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Uma casa assassinada Dário Borim Jr dborim@umassd.edu Rua Presidente Getúlio Vargas, número 11. Foi ali que mataram um ...